“Minhas ancestrais lutaram muito para que eu estivesse agora nesse lugar de rainha”

por Vendo Teatro
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Foto: Kike Tavares

Por Paulo Ricardo Mendes

O maior teatro a céu aberto do mundo, a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, chega na 55ª edição e ao longo deste tempo vários atores e atrizes passaram por lá interpretando diferentes personagens, no entanto, essa será a primeira vez que o espetáculo terá uma atriz negra integrando o elenco principal. Depois de 12 anos participando do espetáculo, sendo 4 como bailarina e 8 como atriz, a pernambucana Fernanda Spíndola irá viver a Rainha Herodíades, a esposa do Rei Herodes. A temporada 2024 acontece entre os dias 23 e 30 de março, no teatro ao ar livre de Fazenda Nova, no município de Brejo da Madre de Deus, Agreste de Pernambuco.

A atriz Fernanda Spíndola é natural do Recife/PE e começou a carreira como modelo e bailarina de dança popular na adolescência. Em 2009, fez sua estreia no teatro e ingressou no balé da Paixão de Cristo. Já são 12 espetáculos no currículo da artista, entre eles “Vestidos e Sapatos”, “Yerma Atemporal”, “Solo para um Sertão Blues” e “O Iroko, a Pedra e o Sol”, além da própria Paixão de Cristo. No elenco deste ano, além da Fernanda, estarão Allan Souza Lima, no papel de Jesus; Mayana Neiva como Maria; e Dalton Vigh interpretando Pôncio Pilatos. As informações sobre o espetáculo podem ser acessadas no site do espetáculo.

Confira abaixo a entrevista com a atriz sobre a sua participação no espetáculo e a preparação para viver a Rainha Herodíades.

1 – Como começou sua relação com a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém?

Eu entrei no espetáculo como bailarina, convidada por Ana Paula Santana, coreógrafa do balé da Paixão. Foi logo que comecei a fazer Teatro. Na época, os diretores da Paixão, Carlos Reis e Lúcio Lombardi, foram assistir à minha estreia, em 2009, no espetáculo “Para Caber no Teu Sorriso”, de Rodrigo Cunha, no Teatro Marco Camarotti. Eles gostaram do que viram e me convidaram pra ser atriz na Paixão. E aí estou atuando há 8 anos como atriz, depois de um tempo como bailarina, totalizando 12 anos de Paixão de Cristo.

2 – Que personagens você já interpretou no espetáculo ao longo dessa trajetória?

Como bailarina, participei durante quatro anos da cena do Bacanal do Rei Herodes. Depois que entrei no Teatro, fui ganhando outras personagens, as quais eu vim interpretando nas temporadas como atriz: a Mulher das Lamentações; a Mulher do Sermão, Transeunte na cena de Judas, e a Dama da Corte de Herodes. E agora, em 2024, veio o presente de viver a Rainha Herodíades.

3 – Em 55 anos de Paixão de Cristo, você será a primeira mulher negra no elenco principal da encenação, correto?

Exato. Estar participando da Paixão, para mim, é um sonho realizado, sobretudo agora, por poder dar vida a esse papel tão importante, representando minhas ancestrais e sendo inspiração para tantas meninas negras que ainda virão. Me sinto muito orgulhosa, pois minhas ancestrais lutaram muito para que eu estivesse agora nesse lugar de rainha. Estar aqui representa esforço, dedicação, encantamento e muito trabalho. E saber que eu posso inspirar muitas meninas negras que ainda estão por vir, é algo que não tem preço. Para mim, isso é pura magia. 

4 – Rainha Herodíades, segundo a história, era conhecida como uma mulher ambiciosa e com forte astúcia política. Como você vem se preparando para interpretá-la?

Para ganhar mais energia e disposição, estou mais focada na academia, e também melhorando a dieta. Cortei o sal e o açúcar. E também estou fazendo um estudo de personagem, focando em movimentos, gestos e modos de ser inspirados em vilãs da telenovela brasileira. Entre elas Odete Roitman, de “Vale Tudo” (1988); Raquel, de “Mulheres de Areia” (1993); e Flora, de “A Favorita” (2008). Estou fazendo um apanhado dessas personagens, e, claro, vou colocar o meu próprio tempero para compor a minha Rainha Herodíades.

5 – Qual sua expectativa para a estreia e o que o público pode esperar da Paixão?

A expectativa é a melhor possível, estou muito empolgada. O público poderá conferir, sem dúvidas, um espetáculo fabuloso, com um elenco de peso, que é composto, inclusive, por grandes talentos do Nordeste. Sou muito grata a Robson Pacheco, Lúcio Lombardi, Luciano Teles e Marina Pacheco por confiarem no meu trabalho e por fazerem esse lindo espetáculo acontecer. Para mim, o céu de Fazenda Nova é um dos mais bonitos que existe. Essa trama que nos toca tanto, sob as estrelas de Fazenda Nova, no maior teatro ao ar livre do mundo, é um deleite para a alma. 

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