Foto: DIvulgação
Por Cleyton Nóbrega
Revisão Crítica: Luiz Diego Garcia
Recife, Maio 2024
Estava ansioso para poder ir ao teatro nesse dia, chovia na Cidade do Recife, era um clima ameno e um trânsito caótico, entretanto no tempo de ida até o Teatro do Parque, pensava em como seria a experiência de assistir a um espetáculo de Mamulengo de um grupo que não conhecia, e que chamou-me a atenção por ser um tipo de produção teatral fruto da cultura popular. O espetáculo teatral do “Mamulengo Novo Milênio” fez parte da programação do Festival Palco Giratório – Sesc. Trata-se de um importante evento da cena artística no Brasil, e retornou ao Recife depois de um hiato de 10 anos. A programação deste ano ocorre desde o dia 16 de maio até o dia 01 de junho. São 46 espetáculos que envolvem teatro, dança e circo, além de oficinas, debates, palestras, dentre outros trabalhos.
Na área exterior do teatro, no jardim, encontramos o palco e os Mamulengos, na ocasião, o espaço estava lotado de pessoas, ávidas em apreciar o momento, tinham pessoas de diversas idades, surpresos com a exposição dos bonecos que compõem a encenação, parte deles ficou próxima ao palco, chamando a atenção de todos, mas principalmente do público infantil, que durante a apresentação interagia com os bonecos, lhes dando indicações sobre o que fazer, ou qual decisão tomar, divertindo a todos nós, o sorriso rolava solto, foi um momento de leveza e descontração.
O teatro de bonecos popular nordestino (Mamulengo em Pernambuco; Babau, na Paraíba; João Redondo, no Rio Grande do Norte; e Cassimiro Coco, no Maranhão) foi reconhecido oficialmente como Patrimônio Cultural do Brasil em 5 de março de 2015, o que vem contribuir para a salvaguarda dessa manifestação artística tão característica da região. O “Mamulengo Novo Milênio” do Mestre Miro dos Bonecos foi fundado em 1999 na cidade de Carpina, Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco. O espetáculo tem Direção e concepção geral: Mestre Miro, Brincantes: Mestre Miro, Severino Elias e Adriano Paulino. Que brilhantemente dão vida às personagens, divertindo a todos com situações surreais e também cotidianas dos divertidos personagens – Janeiro, Quitéria, Simão, Mané Bacurau, entre outros.
O Mestre, antes da encenação começar, explicou ao público sobre os seus processos de experimentação e criação, a importância de validação da Cultura Popular e do fazer teatral, tanto no sentido da criação dos espetáculos, quanto na criação dos bonecos e seus diversos tipos de representação, caracterização e manipulação. Explicou-nos sobre a importância do Mamulengo na sua vida e na vida das pessoas que apreciam o trabalho dele e da sua equipe, falou-nos dos locais no Brasil e no mundo onde levou os bonecos e envolveu o público com alegria, música e diversão.
O “Mamulengo Novo Milênio” através de seu trabalho, salvaguarda e enaltece um patrimônio imaterial do povo, feito para o povo, do Nordeste para o mundo e coloca os Mamulengos e seus artistas em evidência, no contato com o público,divertindo-os sem restrição. Os bonecos voam, lutam, se escondem, beijam-se e brigam. Um deles leva marretadas na cabeça e seu pescoço cresce tirando gargalhadas da criançada e dos adultos, em uma outra cena mais pro final do espetáculo os atores-manipuladores, dançaram um forró divertidíssimo junto aos seus personagens, Mamulengos, em tamanho adulto, alegrando a todos. Foi uma ocasião especial e encantadora, momento de leveza e felicidade, em ritmo festivo o espetáculo encerrava-se e o mestre e seus companheiros, se despediam.
1 NÓBREGA,Cleyton de Melo. Mamulengo de Vara. In: Cruz, Henrique de Vasconcelos; Bivar, Marília (Orgs.) Museu do Homem do Nordeste em 40 objetos / Henrique de Vasconcelos Cruz e Marília Bivar. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/fundaj/pt-br/composicao/dimeca-1/editora-teste/livros-pdf/muhne-em-40-objetos.pdf . Acesso: 23 maio 2023.