Foto: Emerson Saboia
Era um início de noite, e, apesar do vento, o calor ainda predominava. Naquele dia, eu retornaria ao Teatro Joaquim Cardozo, local onde, em 2016, estive em cartaz no espetáculo “É Verdade ou Mentira”, no qual trabalhei. Era uma mistura de nostalgia e emoções diversas que começaram a surgir assim que cheguei ao local. Fui assistir ao espetáculo “Roubando a Cena”, que havia ganhado o prêmio de melhor direção e ficado em segundo lugar na categoria de melhor cena, integrando a Mostra de Cenas Curtas do 31º Janeiro de Grandes Espetáculos (JGE).
A direção ficou a cargo de Camila Bastos, que também coescreveu o enredo com Jãvi Lima. O elenco era composto por Brenda Lima, Camila Bastos, Clara Lucena, Gil Paz e Jãvi Lima. A produção foi realizada por Diogo Cabral, com iluminação de Tales Pimenta. O enredo oferece ao público um vislumbre da vida de um coletivo teatral que, durante a peça, recebe uma inoportuna ordem de despejo e decide, coletivamente e em desespero, assaltar um banco. O objetivo real é salvaguardar o prédio onde o grupo mora e mantém seu espaço de ensaios e sustento.
Na temporada atual, o grupo apresentou um novo trecho da história, expandindo-a e introduzindo novas camadas à encenação. Dessa vez, o foco foi revelar o processo criativo e experimental do coletivo, mostrando a criação do primeiro ato do espetáculo. No palco, os atores vestiam roupas leves, com uma paleta de cores variadas, e a iluminação destacava-se como um dos pontos fortes da produção, sendo precisa e imersiva, ajudando o público a mergulhar na atmosfera da peça.
A trilha sonora era diversificada, e as cenas mesclavam momentos engraçados com elementos de diferentes estilos teatrais, como o teatro brechtiano, o musical e a comédia. O corpo dos atores estava bem posicionado, e a projeção cênica era excelente. No entanto, como o espetáculo ainda está em processo, há alguns pontos que poderiam ser aprimorados, especialmente nas transições entre as cenas. Em uma das cenas, o coletivo planejava o assalto ao banco, e, em seguida, o elenco saía de cena, deixando apenas uma atriz, que representava um sonho da personagem, transformado em um número musical. A transição foi tão rápida que deixou o público confuso sobre se aquilo era um sonho ou não. Só descobri que era, de fato, um sonho após o término da peça, durante a conversa mediada entre o elenco e o público.
A peça mantém um ritmo acelerado, o que agrega dinamismo e diversão, mas, em alguns momentos, as falas eram tão rápidas que ficava difícil compreender o diálogo. Apesar disso, o espetáculo tem um grande potencial, e estou ansioso para vê-lo em sua versão final. Tenho certeza de que será um momento especial. Vida longa a “Roubando a Cena”. Evoé!
Vendo Teatro – Incentivo Funcultura 2022/2023
Proponente, coordenadora e criadora de conteúdo: Aline Lima
Produção Executiva: Sabrina Pontual
Críticos teatrais: Luiz Diego Garcia
Cleyton Nóbrega
Lucas Oliveira
Gabrielle Pires
Coordenador crítico: Luiz Diego Garcia
Jornalista: Paulo Ricardo Mendes
Designer Gráfico: Allan Martins