Artistas e produtores realizam ato em defesa do Teatro Valdemar de Oliveira; proprietários do imóvel não demonstram interesse em tombamento

por Vendo Teatro
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Foto: Pedro França

Por Paulo Ricardo Mendes

Na última quarta-feira (27), artistas e produtores culturais se reuniram em frente ao Teatro Valdemar de Oliveira, localizado na Praça Oswaldo Cruz, área central do Recife, para pedir o tombamento e a reabertura do equipamento cultural, que desde 2020, devido à pandemia, está sem funcionamento. O ato foi decorrente ao estado de abandono que se encontra o teatro atualmente, uma vez que o local vem sendo alvo de invasões e depredações. No entanto, se de um lado existe um grupo mobilizado defendendo o tombamento do teatro, do outro, a companhia de Teatro Amadores de Pernambuco (TAP), proprietária do imóvel, não demonstrou interesse na alternativa defendida pelos artistas e produtores que participaram do ato .

Palco de várias peças do TAP e tantos outros grupos ao longo de mais de 50 anos de história, o Teatro Valdemar de Oliveira é visto por muitos com carinho e boas recordações. No ato em defesa do espaço, a vereadora e escritora Cida Pedrosa falou da sua relação com o teatro. “Desde muito pequena frequento esse lugar e depois trouxe meus filhos também para ver os espetáculos. Já assisti muitas vezes a Cinderela nesse teatro”, contou. Vale ressaltar que a Cinderela, personagem interpretado por Jeison Wallace ficou amplamente conhecida nos anos 90, depois de passar pelo Teatro Valdemar de Oliveira com a peça “Cinderela – A História Que a Sua Mãe Não Contou”.

Em seu discurso Cida também destacou a importância de lutar pelo equipamento cultural. “Nós não podemos nos dar ao luxo de perder mais um teatro, temos pouquíssimas casas de espetáculos funcionando ativamente. Não é necessário apenas tombar, mas sim, ter um plano de uso. Tombar e construir uma gestão democrática que faça o Valdemar ser utilizado de forma real. Isso se estende para todo o teatro do Recife”, ressaltou a vereadora.

O ato foi organizado por Oséas Borba, José Manoel Sobrinho e José Mário Austregésilo, nomes que possuem forte atuação no cenário teatral pernambucano. Em uma entrevista concedida à Rádio Jornal, Sobrinho, que já foi gerente de teatro do Sesc por mais de 40 anos, também aproveitou para falar sobre a sua relação com o equipamento cultural. “Já fiz muitos espetáculos aqui, como diretor e ator. Represento um grupo de artistas que está lutando para que o Valdemar continue sendo essa casa que acolhe a produção cultural de Pernambuco e do Brasil”, relatou.

No ano passado, no governo de Paulo Câmara, as tratativas de um processo de comodato do Teatro haviam sido iniciadas, no entanto, com a nova gestão, esse processo precisou ser reiniciado. A ideia do acordo era de que o teatro pudesse ser administrado pelo Estado dentro de um período de 19 anos, quando em 2041, o Teatro de Amadores de Pernambuco comemora 100 anos. Momento em que o processo de comodato seria novamente avaliado para uma possível continuidade. A possibilidade de doação também havia sido cogitada. O objetivo de doar o prédio seria para transformá-lo numa escola de formação de técnicos e atores, mantendo também o acervo preservado e num possível museu do teatro de Pernambuco.

Proprietários do imóvel não demonstram interesse em tombamento

Na terça-feira (26), um dia antes da manifestação em defesa do teatro, o TAP publicou uma nota oficial no perfil do instagram do Teatro Valdemar de Oliveira informando do não interesse no tombamento nesse momento. De acordo com a nota “o processo implica um ônus burocrático que pode prejudicar as tratativas em curso e retardar a almejada recuperação e reabertura do teatro”. No texto ainda diz que “os associados e a diretoria do Teatro de Amadores de Pernambuco continuam unidos na busca de alternativas que garantam a recuperação desse verdadeiro patrimônio cultural do nosso Estado, alternativas que poderão envolver a participação de instituições públicas ou privadas, dispostas manter o propósito fundamental do Teatro Valdemar de Oliveira como espaço artístico e cultural”.

O diretor adjunto e advogado, Carlos Alberto, em uma entrevista dada recentemente ao Jornal do Commercio, informou que o TAP ainda não foi formalmente chamado para conhecer o teor do processo de tombamento publicado no Diário Oficial. O ofício, entregue pelo Grupo João Teimoso e o Movimento Guerrilha Cultural, foi protocolado em dezembro de 2022 e oficializada a abertura no dia 22 de setembro pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco( Fundarpe). Em nota, a Fundarpe informou que o proprietário do imóvel terá até trinta dias para aceitar o encaminhamento do processo ou entrar com um pedido de impugnação.

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